sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Compreendendo o papel de nossa geração


Por Hermes C. Fernandes

Nossa geração está preparando o caminho para as próximas gerações. Temos que nos livrar do hábito de pensar que somos a última geração.

João tinha esta consciência. Seu trabalho era preparar o caminho para o Senhor. Portanto, ele não tinha a palavra final. Enquanto pregava, João procurava manter em seus ouvintes a expectativa de que algo maior estava a caminho.

“João testifica a respeito dele, e exclama: Este é aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim tem a primazia porque foi primeiro do que eu” (Jo.1:15). E mais:“Eu vos batizo com água, para arrependimento. Mas após mim vem aquele que é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Mt.3:11).

E João não falava nesses termos só na ausência de Jesus. Ele foi capaz de dizer pessoalmente, na frente de seus discípulos, que não era digno de amarrar as sandálias de Jesus. Ele nem mesmo se achava digno de batizá-lo!

Ele teve chance de dizer que era o Cristo. E se o fizesse, muitos creriam. Quando lhe perguntaram: “Quem és tu? Ele confessou e não negou, confessou: Eu não sou o Cristo”(Jo.1:19b-20). Em momento algum ele puxou a brasa pra sua sardinha.

Uma igreja que seja voltada para o futuro deveria habituar-se a pensar desta maneira. Os que vierem depois de nós, hão de nos superar. O próprio Cristo afirmava que aqueles que n’Ele cressem fariam as obras que Ele fazia, e as faria maiores!

João pagou um alto preço por causa de sua abnegação. Até a aparição de Jesus no Jordão para ser batizado, João se via cercado de multidões. Ele as atraía para o deserto, tamanha a sua credibilidade como profeta.

Somos informados de que Jesus também começou a promover batismos. “Suscitou-se uma contenda entre alguns discípulos de João e um judeu, acerca da purificação. Foram a João, e disseram: Rabi, aquele homem que estava contigo além do Jordão, do qual deste testemunho, está batizando, e todos vão ter com ele”(Jo.3:25-26). Era como se eles o acusassem de ter cometido um suicídio ministerial. Muitos dos discípulos de Jesus, haviam sido discípulos de João.
Qual teria sido a reação de João diante do crescimento súbito do ministério de Jesus? Terá ele se arrependido de ter anunciado publicamente que Aquele Galileu era o Cordeiro de Deus que tiraria o pecado do mundo?

“João respondeu: O homem só pode receber o que lhe for dado do céu. Vós mesmos sois testemunhas de que vos disse: Eu não sou o Cristo, mas sou enviado adiante dele. A noiva pertence ao noivo. O amigo do noivo, que lhe assiste, espera e ouve, e alegra-se muito com a voz do noivo. Essa alegria é minha, e agora está completa” (Jo.3:27-29).

Que sensibilidade! Que humildade! Que exemplo para nós! Seus discípulos queriam instigá-lo contra seu primo Jesus. Mas João se negou a deixar levar por seus argumentos. Ele se alegrava com a voz do noivo! Sua alegria estava completa! Sua missão estava cumprida! Será que nos alegramos com a voz de alegria da geração que está emergindo diante de nossos olhos?

Será que temos discernido a hora de sair de cena, pra dar lugar aos que nos sucederão? João complementa: “É necessário que ele cresça, e que eu diminua” (v.30).

Não deveria haver uma ruptura entre as gerações. Uma geração sai de cena gradativamente, e vai cedendo seu lugar à nova geração. Uma vai crescendo, enquanto a outra vai diminuindo. Quando Jesus começou seu ministério, João não interrompeu o dele. Por um tempo, eles foram concomitantes. Porém, gradativamente, o ministério de João foi perdendo espaço, e o cedendo a Jesus, a nova geração.


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